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Andrade, Barbosa e o espírito da coragem!

Andrade Barbosa Estado do Paraná, 06/06/1982

Andrade & Barbosa
Estado do Paraná, 06/06/1982

Andrade, Barbosa e o espírito da coragem!

 

Após a Segunda Guerra o mundo começou a experimentar a democracia. Aqui a geração de nossos pais fez a Constituição democrática de 1946, que foi rasgada em 1964. Tempos em que se formou uma geração com espírito democrático e humanista.

Veio o tempo autoritário, comandada pelos Inimigos da Sociedade Aberta descritos por Karl Popper, em que se fez a reforma de ensino aqui e no mundo, e tudo se desqualificou como nos ensina Allan Bloom, quando descreve o surgimento da Cultura Inculta. Neste período, o maior patrimônio, o conhecimento das gerações anteriores, foi jogado na lata do lixo, deixando-nos como herança a recessão, que durou até 2003, o desemprego, a carestia e a fome.

No enfrentamento a isso tudo, surge a resistência democrática, e na Casa do estudante Universitário-CEU cria-se uma biblioteca clandestina, resistindo à ignorância do autoritarismo.

Nas reuniões clandestinas, se aplaudiam o aprendizado dos amigos com o estalo dos dedos, os companheiros se encontravam em praças abertas sentados em um banco, um de costas para o outro, e resistiam aos vigias de cada dia, que alertavam: se afastem deles. E por isso eram poucos, pois amedrontados, os covardes fugiam para cuidar dos seus interesses pessoais.

Eram poucos, mas corajosos e portadores do sentimento de afeto solidário.

E planejando, executavam ações em praças, estádios e locais de grande aglomeração para alertar o povo, a exemplo dos corajosos, Antonio de Andrade e Silva e Manoel Barbosa Filho, naquele ato de resistência contra a Lei de Segurança Nacional e contra todos os atos do arbítrio, que os levou a prisão e a greve de fome pela liberdade.

Nestes tempos que ainda colhemos os efeitos do arbítrio, o Papa Francisco I pede aos jovens para preservar e apreender o conhecimento dos mais velhos, para superarmos os tempos desqualificados.

Tempos em que relembrar a atitude de Andrade e Barbosa, nos dá alento por saber que o espírito da democracia e do humanismo sempre se revela para nos salvar da mediocridade do arbítrio. Como se fossem espíritos depositários da coragem, como nos ensina Pichon Riviere, em sua teoria do vínculo. Espíritos que sempre aparecem neste imenso teatro humano e acabam por ser símbolo dos tempos.

 

Geraldo Serathiuk, advogado

 

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